PPGLITCULT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA (PPGLITCULT) INSTITUTO DE LETRAS Teléfono/Ramal: No informado

Banca de QUALIFICAÇÃO: THAIS APARECIDA PELLEGRINI VIEIRA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : THAIS APARECIDA PELLEGRINI VIEIRA
DATA : 04/10/2024
HORA: 09:30
LOCAL: Instituto de Letras - UFBA
TÍTULO:

ENTRE SAMBAS, RODAS E PERFORMANCES: NAVEGANDO PELAS POÉTICAS ORAIS DE MATARANDIBA


PALAVRAS-CHAVES:

Poéticas Orais; Samba de Roda; Ancestralidade; Performances; Matarandiba.


PÁGINAS: 166
RESUMO:

A tese de doutoramento, em questão, versa sobre as Poéticas Orais de Matarandiba, uma comunidade de marisqueiras e pescadores localizada na contracosta da ilha de Itaparica, no município de Vera Cruz, Bahia. O estudo da tradição oral da localidade de Matarandiba visa examinar produções textuais que relacionam oralidade, corpo, memória e ancestralidade, permitindo a investigação de uma produção literária incomum na tradição do campo literário brasileiro, expandindo, quiçá, as possibilidades de definição do que é literário na contemporaneidade. Assim, defendo a ideia de que as produções culturais da localidade, através de suas narrativas, bem como do seu samba de roda, são literaturas que funcionam como força e resistência de uma estética que sobrevive a partir das suas performances. Nesse percurso, entendo que há uma necessidade, urgente, de alargamento do campo crítico da literatura brasileira, bem como do campo historiográfico dos povos de diáspora, por isso, aqui, proponho ampliar as possibilidades de abordagem acerca da tradição oral da vila, estabelecendo relações éticas e estéticas desse repertório com o campo da literatura brasileira. As suas literaturas e seus saberes orais estão grafados nos corpos da população matarandibense. Por esse prisma, as análises estão pautadas em operadores que buscam reconfigurar as estruturas de poder eurocentradas instauradas no campo teórico-crítico das humanidades. Freitas (2016) permite fazer um exercício crítico literário a partir do conceito de pilhagem epistêmica, o qual ajudará a descortinar o que foi recalcado pelo campo crítico literário que “pilhou” as literaturas dos povos dissidentes. A ideia de tempo espiralar, desenvolvida pela professora Leda Martins (2021), numa perspectiva cósmico-filosófica da ancestralidade africana, evidencia que, através das suas literaturas e do seu território, Matarandiba indica que suas enunciações poéticas conseguem fissurar a linearidade temporal hierarquizante do cronos ocidentalizado, já que as vivências estéticas, a partir dessas vozes, corpos e tambores, estão em funcionamento de um tempo não linear, mas sim curvilíneo. Destarte, a tríade: corpo-tempo-movimento atua como prenúncio da potência literária presente nas poéticas orais da localidade. Os saberes orais matarandibenses apresentam o cenário da ilha de Itaparica, bem como as beiradas da sua maré, numa mostra que inscreve o protagonismo e pertencimento local. Nessa perspectiva, as riquezas naturais gravitam como elementos vivos dessa poética contracosteira itaparicana. Trago Krenak (2020), dialogando sobre a importância da Terra como ser ativo, bem como seus entrelaces com as  umanidades, a fim de pensar a paisagem e o processo de ressignificação que é feito pela comunidade, capaz de subverter a ideia de subalternidade que permeia os cenários da contracosta. Destaco que, ao longo desta tese, serão apresentadas fotografias que compõem o acervo da pesquisa de campo, entrevistas, ilustrações presentes na obra Memórias de Terra e Mar e vídeos diversos (os links encontram-se ao logo da tese) produzidos pela comunidade. Nesse bojo, as poéticas orais de Matarandiba vão além do que está grafado, pois são corpos que giram numa ciranda de possibilidades enunciativas e discursivas. Isto posto, dialogo com Alcoforado (1989, 2001, 2008), Costa (1998, 2015), Doring (2016), Ferreira (2004, 2010, 2014), Freitas (2016), Glissant (2021), hooks (2019, 2020, 2023), Martins (2020, 2021), Oywùmí, (2021), Sodré (1998, 2020), Zumthor (2000, 2010), entre outras autoras e autores que ajudarão a pensar sobre as simultaneidades que reativam e reinstauram esses corpos como “tapeçaria de sentidos discursivos” (MARTINS, 2021, p.21).


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1064696 - ALVANITA ALMEIDA SANTOS
Interna - 2049741 - CARLA DAMEANE PEREIRA DE SOUZA
Externo à Instituição - FREDERICO GARCIA FERNANDES - UEL
Notícia cadastrada em: 27/09/2024 12:31
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