Perspectivas sobre Intelectualidades negras baianas nas ausências e presenças na Festa Literária Internacional de Cachoeira
: Festa Literária Internacional de Cachoeira. Intelectuais Negrxs Baianos, Cachoeira-BA.
A dissertação propõe-se a apresentar uma leitura crítica a respeito da (in)visibilidade e estigmatização de intelectuais negrxs baianos dentro da Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA) nos anos de 2011, 2012 e 2013, a partir da leitura dos formulários de inscrição que a organização do evento envia ao projeto do Governo Federal Fazcultura. A produção intelectual baiana é vista nesta escrita como conhecimento que transcende os espaços acadêmicos, levando em consideração outras formas do fazer literário que dialogam com os direitos sociais e de humanidade da população negra. Para isso, este processo será conduzido em diálogo com narrativas de uma mulher negra livreira em trânsito (São Paulo – Bahia – Mundo), que pelas experiências com as tradições negras identificou no corpo que dança, que ginga, que brinca e que reza uma escrita que resulta na produção de intelectualidades negras que emergem de forma horizontal. A FLICA, por sua vez, representa um espaço de encontros e contradições que escolhe a cidade de Cachoeira como cenário-paisagem para construir diálogos entre uma classe de intelectuais ligada às grandes indústrias do mercado editorial e televisiva e que, ao mesmo tempo, não corresponde às necessidades de produção das editoras locais, que durante esses anos não compareceram ao evento literário. Após a análise crítica sobre a FLICA, constatamos que a organização do evento realiza de forma parcial seu diálogo com a comunidade de Cachoeira. Ademais, os intelectuais baianos são invisibilizados dentro dos espaços de fala e poder, sendo submetidos à espetacularização dos palcos e/ou aos padrões de mediadores das mesas. A crítica ao evento tem como aporte teórico as produções de Abdias do Nascimento, Angela Davis, Beatriz Nascimento, Édouard Glissant, Homi K. Bhabha, Leda Maria Martins, Néstor García Canclini, Sodré Muniz e Stuart Hall, que aportam conceitos chaves que podem ser mobilizados para uma escrita crítica a respeito de mercado editorial, culturas e intelectualidades negras.