A CONCORDÂNCIA NOMINAL NO PORTUGUÊS GUARANI-MBYÁ: uma contribuição aos estudos do Contato e da Sociolinguística
Palavras-chave: Português Indígena. Contato linguístico. Português Brasileiro. Guarani-Mbyá. Sociolinguística.
A história do português falado no Brasil se deu a partir do contato ocorrido entre diversos povos e suas respectivas línguas, o que tem inspirado estudos de diferentes correntes teóricas que procuram compreender sua formação e desenvolvimento. Nesse sentido, este trabalho pretende contribuir com esses estudos, apresentando características do português falado por um povo indígena, os Guarani-Mbyá, a fim de compreender o desenvolvimento dessa variedade dialetal em particular, considerando-se as situações de contato linguístico vivenciadas por esse povo nas regiões Sul e Sudeste do país. Define-se como objetivo identificar como ocorre a concordância nominal no português falado pelos Guarani-Mbyá, visando compreender as características do português brasileiro falado em situações de contato e, assim, contruibuir com os estudos voltados à formação e desenvolvimento do português brasileiro. Além disso, pretende-se contribuir para a descontrução de formas de preconceito linguístico relacionadas ao português indígena, legitimando essa variedade. Para isso, a metodologia proposta consiste na realização de entrevistas semiestruturadas (Labov, 2008 [1972]), presenciais e remotas, em língua portuguesa, com falantes bilíngues Guarani-Mbyá/Português, aos quais será solicitada, também, a narração de uma ou mais histórias indígenas. Os dados serão interpretados à luz da teoria do contato linguístico (Mello, Altenhofen, Tommaso, 2011), Maher,1996, Calvet, 2002, Franceschini, 2011 e outros), da Sociolinguística Variacionista Labov (2008 [1972]), na reflexão sobre a relação língua e sociedade, assumindo-se, ainda, aspectos teóricos da Linguística Sistêmico-Funcional (Halliday, Matthiessen, 2014). Os dados obtidos confirmaram a hipótese de que essa variedade do português, resultado do contato linguístico, apresenta marcas e transferências de aspectos funcionais da língua indígena, como a não concordância no sintagma nominal. Além das contribuições com os estudos dedicados à formação do português brasileiro, essa pesquisa se justifica, ainda, por legitimar as variedades do português falado pelos povos indígenas, como segunda língua, portanto, com a inclusão de mecanismos de suas línguas maternas.