ANTROPONÍMIA NA SALVADOR COLONIAL: ESTUDO LINGUÍSTICO-HISTÓRICO DE DOCUMENTAÇÃO DA BAHIA OITOCENTISTA
Antroponímia; Português colonial; Prenomes; Salvador
O nome próprio é alvo de interesse desde os primórdios da humanidade, ainda que a sistematização desse estudo seja algo recente na historiografia do conhecimento, é sabido que a escolha de um nome e todas as implicações do ato de nomear sempre estiveram presentes nas sociedades de um modo geral, pelo menos, é o que se tem notícia até então. As narrativas bíblicas já nos sinalizavam que os nomes carregam as marcas indeléveis das culturas às quais pertencem, sejam sobre seu significado ou motivação para nomeação. Dado o seu caráter documental, os antropônimos podem ser estudados por diferentes perspectivas, mas dois aspectos principais merecem atenção, um estritamente linguístico, atrelado ao étimo, sobretudo; e outro, social, atrelado ao uso. Este último é o bojo da Sócio-Onomástica, área que se dedica ao estudo dos antropônimos no que diz respeito à motivação e ao contexto social e cultural das práticas de nomeação das comunidades linguísticas. Desse modo, o trabalho aqui proposto tem por objetivo apresentar a escrita parcial da dissertação em andamento intitulada “Antroponímia na Salvador Colonial: estudo linguístico-histórico de documentação da Bahia oitocentista” cujo escopo surgiu da necessidade de se comparar, no âmbito dos estudos antroponímicos, duas instituições, ainda que contemporâneas, tão distintas e socialmente opostas da Bahia no século XIX: a Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), fundada em 1832 e situada no Cruzeiro de São Francisco, e a Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), fundada no ano de 1808 e situada no Terreiro de Jesus, ambas na cidade de Salvador. O trabalho em questão está organizado da seguinte forma: (i) apresentação; (ii) fundamentação teórica; (iii) antroponímia em perspectiva histórica; (iv) contexto histórico da Salvador Colonial, SPD e FMB nesse contexto; (v) procedimentos metodológicos e tratamento dos dados; (vi) resultados parciais. Destarte, a análise feita até o momento sugere que há um predomínio de sobrenomes na configuração da frase antroponímica da FMB e uma diversidade de configurações na SPD, prevalecendo frases antroponímicas mais curtas. Assim, o estudo dos antropônimos de instituições tão díspares parece evidenciar as divergências entre elas, além de revelar traços da história da sociedade baiana oitocentista.