Saberes, Cura e Religiosidade: mapeando a variação lexical para agentes do benzimento no Estado de São Paulo à luz dos dados do Projeto ALiB
Dialetologia. Léxico. Projeto ALiB. Religiões e Crenças. Benzedeira. Curandeiro
Esta dissertação tem por finalidade analisar a diversidade linguística existente no Estado de São Paulo quanto ao léxico de parte da área temática de religiões e crenças. Para isso, objetiva-se a investigação das designações fornecidas pelos informantes do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) para agentes do benzimento. Este trabalho ampara-se nos fundamentos teóricos e metodológicos da Dialetologia e da Geolinguística Pluridimensional Contemporânea, apoiando-se também na lexicologia. Utiliza-se como corpus de análise os dados do Projeto ALiB para o Estado de São Paulo, correspondendo a 37 localidades brasileiras que fazem parte da rede de pontos para o Estado. Foi observada a fala de 152 informantes estratificados conforme metodologia adotada pelo referido projeto, em que se consideram o sexo (masculino e feminino), duas faixas etárias (faixa I – 18 a 30 anos e faixa II – 50 a 65 anos), nível de escolaridade fundamental incompleto e, nas capitais, dois níveis de escolaridade (fundamental incompleto e universitário completo). Para o estudo, foram selecionadas duas questões do Questionário Semântico-Lexical da área temática de religiões e crenças para validar as hipóteses da pesquisa, assim formuladas: QSL 151 “Como se chama uma mulher que tira mau-olhado com rezas, geralmente com galho de planta?” e QSL 152 “Como se chama a pessoa que trata de doenças através de ervas e plantas?” (COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB, 2001, p. 33). Para QSL 151, os resultados apontam para a variação lexical, tendo sido encontradas lexias como: benzedor; benzedeira(o); curador; curandeira(o); macumbeira(o);rezadeira; e mãe de Santo, e para a variação diatópica. O registro das lexias no mapa permitiu delimitar três áreas dialetais traçadas por meio de isoglossas: macumebeira, rezadeira e mãe de santo. Em resposta a QSL152, a variação lexical aponta para itens como: benzedor; benzedeira(o); curador; curandeira(o); raizeiro(a); macumbeira(o), presentes também para QSL 151 e outras como garrafeiro; fazedor de garrafa; mateiro; mãe da mata; médico; homeopata e espírita. A variação diatópica é marcada em áreas fronteiiças com Minas gerasi e mato Grosso do Sul sem, contudo, demarcara área dialetal.Destaca-se a importância do Rio Tietê para a implementação de unidades lexicais em São Paulo no sentido oeste-leste do estado.