RAPADURA COM URUCUM E DENDÊ: SABERES ORIGINÁRIOS, MOVIMENTOS AFRODIASPÓRICOS E MANIFESTAÇÕES DA CULTURA POPULAR NO CURRÍCULO DE DANÇA DA UFBA.
PALAVRAS-CHAVE: dança, currículo, saberes originários, movimentos afrodiaspóricos, manifestações da cultura popular
A escrita da tese propõe um estudo espiralar sobre a implementação do Novo Currículo Modular Interdisciplinar do Curso de Licenciatura em Dança da UFBA. Apresenta inicialmente reflexõesoriundas do NDE – Núcleo Docente Estruturante do curso noturno (2015) e seus desdobramentos e colaborações na unificação dos dois currículos, constituindo-se como Novo Projeto Pedagógico do Curso de Graduação Licenciatura em Dança – Matutino e Noturno,por meio de reformulação curricular (2023/2024),da Escola de Dança da UFBA. Propõe discussão sobre criação de disciplinas obrigatórias e optativas que envolvem inclusão dos saberes indígenas, dos movimentos afrodiaspóricos e das manifestações da cultura popular. Os temas são apresentados como“Arrudeios” e “Itinerâncias” dançados, onde as minhas memórias acerca das manifestações populares, presentes nos engenhos de cana-de-açúcar pernambucanos, brincam com a passagem do tempo de menino, até chegar às minhas andanças pedagógico-científico-performativas em territórios baianos. Passeando entre chãos e asfaltos da cidade do Salvador e solos massapé do Recôncavo da Baiano, venho tramando nas tessituras dessa escrita os “Pontos Riscados”, os “Tingimentos” e as “Arriações” curriculares com reinvindicação político-epistêmica-pedagógica na referida instituição. A etnopesquisa crítica (MACEDO, 2004 -2015), a escrevivência (EVARISTO, 1995) e a prática como pesquisa (FERNANDES, AMOROSO, HASEMAN, 2014) me acompanhamnos procedimentos metodológicos coadunadoscom os parâmetros que pude acessar nos saberes acadêmicos. No entanto esses procedimentos não são suficientes para o que entendo ser metodologias de um artista-brincador-pesquisador. Trago, por exemplo, ao tratar dos saberes originários em questões de Dança, duas transcrições de falas, de Ailton Krenak e de Nádia AkauãTupinambá, destacando a importância dessas vozes nesta tese. Debruço-me dialógica e dialeticamente com os conceitos da Multirreferencialidade e da Etnoimplicação para pensar-fazer-currículo de Dança. Dedico-me também sobre os procedimentos já implementados no referido curso, que nomeio de “PropostasCurriculares Rapadura e disciplinas tingidas em tons de Urucum e Dendê”, onde apresento os “Princípios organizacionais de movimentos para Munganguear, fazer Pantinhos e Malassombrar nas danças brasileiras”, por meio de metodologia autoral “Molas, dobradiças, alavancas, esperais e esferas”. Apresento análise crítica-estética-poética sobre montagens de espetáculos e Residências Artísticas desenvolvidas com os temas abordados. Argumento que se trata de uma das reinvindicações contemporâneas da Escola de Dança da UFBA e ao contextualizar, um currículo por devir, problematizo esses procedimentos na referida tese.