Banca de DEFESA: ANDRÉIA DA CRUZ OLIVEIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ANDRÉIA DA CRUZ OLIVEIRA
DATA : 28/09/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Sala da Congregação do Pavilhão Raul Seixas - Campus São Lázaro
TÍTULO:

“EU ACREDITO QUE AQUI NINGUÉM FAZ ESSE TIPO DE COISA, AQUI A GENTE É MUITO BEM TRATADO”: UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DO RACISMO ENTRE USUÁRIOS E USUÁRIAS DO SISTEMA DE JUSTIÇA NA CIDADE DE SALVADOR, BAHIA


PALAVRAS-CHAVES:

racismo institucional; sistema de justiça; crença no mundo justo; ministério público.


PÁGINAS: 165
RESUMO:

O presente estudo teve como objetivo comparar as crenças das pessoas com diferentes perfis raciais, atendidas em um órgão do Sistema de Justiça da cidade de Salvador/Bahia, sobre a percepção da discriminação racial e sobre a influência da Crença no Mundo Justo na legitimação do racismo institucional. O Ministério Público, órgão responsável pela defesa do estado democrático de direito, imbuído na defesa das populações mais vulnerabilizadas, reproduz práticas racistas cotidianamente que resultam em injustiças e desvantagens para o grupo negro. A Crença no Mundo Justo tem se mostrado uma variável psicológica poderosa para legitimação do sistema e da apatia social. Assim como a confiança institucional tem se revelado um importante construto para entender os mecanismos de manutenção das hierarquias em sociedades desiguais como a brasileira. Nesse sentido, optamos por investigar como usuários e usuárias do Ministério Público do Estado da Bahia percebem a discriminação racial na instituição por meio de uma perspectiva integradora das teorias da Psicologia Social. Participaram desta pesquisa 98 pessoas que haviam sido atendidas pelos menos uma vez na instituição. Os resultados demonstraram que, de modo geral, os participantes apresentaram pouca percepção sobre a discriminação racial na instituição. Além disso, as análises demonstram que não houve diferença significativa na percepção da discriminação de participantes pretos, pardos e brancos. Um modelo de regressão linear múltipla evidenciou que as variáveis qualidade do atendimento geral, ensino fundamental e mulher podem prever a percepção da discriminação. Identificamos também que pessoas com forte crença no mundo justo pessoal perceberam menos a discriminação contra o grupo negro, enquanto a confiança no Ministério Público foi influenciada pela crença no mundo justo global. Não identificamos influência da crença no mundo justo na relação entre satisfação do atendimento e percepção da discriminação, como havíamos previsto. De maneira geral, as análises demonstraram que a qualidade do atendimento se mostrou uma variável poderosa na percepção do racismo institucional no Ministério Público. Os achados globais deste estudo reafirmam a complexidade da manifestação do racismo, especialmente em instituições que preconizam os princípios igualitários, democráticos e antidiscriminatórios. Dessa maneira, podemos inferir que o bom atendimento recebido pela população associado com outras crenças legitimadoras, sem a adoção de uma política institucional antirracista que promova mudanças profundas na cultura organizacional, funcionará como mais um mecanismo de docilização social.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - Gilcimar Santos Dantas - UNIFACS
Presidente - 1146663 - MARCOS EMANOEL PEREIRA
Interno - 2376588 - YURI SA OLIVEIRA SOUSA
Notícia cadastrada em: 14/09/2023 09:40
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