Entre fronteiras editoriais e comerciais: mapeamento das práticas de jornalismo de marca no contexto brasileiro
Jornalismo de Marca. Publicidade Nativa. Conteúdo de Marca. Integração editorial. Modelos Organizacionais
Este estudo tem como objetivo mapear as práticas de jornalismo de marca no contexto brasileiro dos principais veículos noticiosos do país, com destaque para os Estúdios, e ênfase na delimitação dos modelos organizacionais. A metodologia empregada compreendeu uma abordagem qualitativa-descritiva, incluindo a análise de 40 veículos auditados em 2022 pelo Instituto Verificador de Comunicação (IVC). Além disso, foram conduzidas pesquisas exploratórias e a aplicação de formulários junto às empresas investigadas, e realizadas seis entrevistas em profundidade com profissionais do setor. Esta dissertação está organizada em quatro capítulos, o primeiro trata-se da Introdução, que apresenta como as práticas de branded content têm impactado a indústria da comunicação. O segundo explora o emergente conceito de jornalismo de marca, abordando características, objetivos e impactos. Analisa como as marcas usam técnicas jornalísticas para criar conteúdo semelhantes a notícias, além dos desafios éticos e limites entre conteúdo editorial e comercial. O terceiro capítulo se concentra nas interações entre jornalismo, midiatização e práticas emergentes no contexto digital, além de examinar o colapso da tradicional "muralha" entre redação jornalística e atividades comerciais. A seção também abordar a ascensão de Estúdios de marcas e sua influência nas práticas jornalísticas. O quarto oferece um panorama do jornalismo de marca no Brasil, usando dados do corpus analisado, e trata dos modelos organizacionais encontrados. Os resultados indicam que grande parte dos meios de comunicação produz conteúdo sob medida para marcas, incluindo a adoção de Labs, Estúdios e Hubs especializados, como estratégia para atender exigências de marcas e empresas de mídia. A utilização de equipes e espaços exclusivos não apenas aumentam receitas, mas também introduzem abordagem contemporânea na criação e disseminação de conteúdo publicitário. São discutidos três modelos predominantes encontrados no estudo: o Modelo Independente – adotado por empresas que mantêm equipes exclusivas para produção de conteúdo de marca, frequentemente em conglomerados de mídia; o Modelo Híbrido – caracterizado por maior integração entre equipes editoriais e comerciais, com setor comercial trabalhando na angariação de clientes e jornalistas da redação criando conteúdo para marcas, focando na colaboração interdepartamental; e o Modelo Complementar – no qual jornais utilizam principalmente conteúdo fornecido por empresas contratantes ou agências, com revisão editorial antes da publicação. Em síntese, os modelos organizacionais identificados – Independente, Híbrido e Complementar –, embora distintos, convergem na busca pela sustentabilidade financeira e promovem a colaboração sinérgica entre as equipes editoriais e comerciais, delineando a complexidade da interseção entre jornalismo e práticas de marketing no atual panorama comunicacional.