PROCESSOS ESCOLARES INCLUSIVOS E IMPACTOS NA VIDA ADULTA DE INDIVÍDUOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS EM EDUCAÇÃO
Necessidades educacionais especiais, medicalização, saúde
As Necessidades Educacionais Especiais (NEE) tem assumido notoriedade nos estudos sobre inclusão escolar na atualidade, uma vez que sua relevância clínica implica em garantir o modus operandi e atuação frente ao sucesso ou fracasso escolar. Todavia, historicamente é visto que existem tratamentos diferenciados com relação a diferentes tipos de deficiência, e com isso, diferentes manejos institucionais, seja no campo da educação ou da saúde. A escola toma para si a responsabilidade do cuidar levando em conta seu papel social de preparar o sujeito para a vivência social que é atravessada pelas lógicas de produção, enquadrando os sujeitos tidos por funcionais na engrenagem social. Sendo assim, nesta pesquisa foram investigados discursos que entrelaçam o percurso escolar de indivíduos diagnosticados com NEE e as suas possíveis relações com sua vivência na fase adulta. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo múltiplos estudos de caso com objetivo de elencar que processos dos participantes coadunam e divergem entre si. Levando em consideração suas histórias e desenvolvimento, foram selecionadas três narrativas: uma pessoa com TEA, uma pessoa surda e uma pessoa com dislexia, na qual destrincharam seu percurso escolar e trajetos de vida. Estes consideraram mais preponderantes o apoio familiar e atenção clínica como principais elementos de suas conquistas. Seus objetivos finais também não se tornaram lutas em um coletivo político ou engajamento por seu grupo; foram individualizados, simplificados e medicalizados. Apontou-se por fim a complexidade do que se engloba na sigla NEE e a necessidade de construção de saberes capilarizados sobre as múltiplas dificuldades de escolaridade.