EDUCAÇÃO PÚBLICA EM DISPUTA: ANÁLISE DAS NOTÍCIAS SOBRE OS ACORDOS MEC-USAID NO JORNAL A TARDE DURANTE OS PRIMEIROS ANOS DA DITADURA CIVIL-MILITAR (1964-1971)
Acordos MEC-USAID, Ditadura Civil-Militar, Colonialismo Científico, Educação Pública, Jornal A Tarde
Esta dissertação investiga os Acordos MEC-USAID nos primeiros anos da ditadura civil-militar (1964-1971), considerando as notícias publicadas no jornal A Tarde sobre aas disputas estrangeiras nas políticas públicas educacionais brasileiras. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e documental, analisando como a imprensa noticiou e interpretou as políticas educacionais formuladas no período. O recorte temporal de 1964 a 1971 se justifica pelo início da implementação desses acordos e por seu impacto na reforma universitária e na reforma do ensino de 1o e 2o graus. A análise identificou que os acordos resultaram na adoção de um modelo tecnicista de ensino, focado na formação de mão de obra para o setor produtivo, em detrimento de uma educação voltada para o pensamento crítico. Além disso, apontou a presença do colonialismo científico, expressa na exportação de modelos educacionais, no treinamento de técnicos brasileiros em instituições estadunidenses e na coleta massiva de informações estratégicas sobre o sistema educacional nacional. As notícias analisadas evidenciam que a modernização da educação esteve alinhada aos interesses econômicos e políticos dos Estados Unidos. O estudo conclui que as reformas impulsionadas pelos Acordos MEC-USAID consolidaram uma dependência estrutural do Brasil em relação às diretrizes educacionais estrangeiras, um modelo de vigilância e controle sobre o ensino e uma lógica de organização acadêmica que encontra paralelos na atual dependência tecnológica do país.