Banca de DEFESA: LUANA DE OLIVEIRA LEITE

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LUANA DE OLIVEIRA LEITE
DATA : 27/11/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Ambiente virtual RNP
TÍTULO:

Índice de inflamação da dieta e fatores de risco cardiometabólicos em crianças e adolescentes 


PALAVRAS-CHAVES:

Índice de inflamação da dieta. Fatores de risco para doenças cardíacas. Obesidade. Pressão arterial. Adiposidade. Criança. Adolescente. Revisão sistemática. Metanálise.


PÁGINAS: 220
RESUMO:

Esta tese de doutorado tem como objetivo principal avaliar a associação entre o potencial inflamatório da dieta, mensurado pelo Índice de Inflamação da Dieta (DII) e sua versão adaptada para crianças e adolescentes (C-DII), e fatores de risco cardiometabólicos em populações pediátricas. A tese está estruturada em quatro artigos científicos, sendo os dois primeiros revisões sistemáticas com metanálises e os demais estudos originais (transversal e longitudinal), todos centrados na relação entre dieta, inflamação e saúde cardiometabólica em crianças e adolescentes. Artigo 1, intitulado "Dietary inflammatory index, body adiposity indicators and blood pressure in children and adolescents: a systematic review and meta-analysis", revisou sistematicamente a literatura sobre a associação entre DII/C-DII e adiposidade corporal e pressão arterial. Foram incluídos 37 registros, dos quais 18 foram submetidos à meta-análise. Os resultados indicaram que, em adolescentes, escores mais elevados de DII estão significativamente associados a maior chance de sobrepeso/obesidade (IMC: OR = 1,62 IC95%: 1,38 – 1,86), adiposidade abdominal, estimada pela circunferência da cintura (OR = 1,45; IC95%: 1,10 – 1,81) e pela razão cintura-estatura (OR = 1,76 IC95%: 1,38– 2,14) em comparação a escores de DII mais baixos (dieta anti-inflamatória). Além disso, a cada unidade de aumento no DII, observou-se um pequeno, porém significativo, aumento na média do IMC (β = 0,06 kg/m²) de crianças e adolescentes. Para o DII adaptado à população infantil (C-DII) nenhuma associação foi identificada. Não foram encontradas associações consistentes entre dieta pró-inflamatória e pressão arterial. Artigo 2, "Dietary inflammatory index, lipid and glucose profile in children and adolescents: a systematic review and meta-analysis", investigou a relação entre DII/C-DII e perfil lipídico e glicêmico. Foram incluídos 11 estudos observacionais, publicados até 2024, com predomínio de delineamento transversal e que avaliaram principalmente HDL, triglicerídeos e glicemia de jejum como variáveis de desfecho. A meta-análise identificou uma chance 19% maior de adolescentes com uma dieta pró-inflamatória (DII no quartil 4) apresentarem baixos níveis de HDL (OR = 1,19; IC 95%: 1,01–1,40), em comparação àqueles com dieta anti-inflamatória (DII no quartil 1). Artigo 3, estudo transversal, intitulado "Potencial inflamatório da dieta e fatores de risco cardiometabólicos em adolescentes escolares", que comparou a associação do DII original e do C-DII com marcadores antropométricos e pressão arterial em adolescentes escolares do município de Salvador, Bahia, Brasil. Foram avaliados dados de uma amostra representativa e observou-se nos modelos ajustados, que adolescentes com dieta pró-inflamatória (acima da mediana do C-DII) apresentaram aumento médio do IMC de 0,97 kg/m² (IC 95%: 0,02; 1,92). Entre as meninas, os aumentos médios foram de 1,29 kg/m² para DII e 1,38 kg/m² para C-DII. Entre aqueles com >14 anos, dietas pró-inflamatórias foram associadas a aumentos médios de 2,16 kg/m² no IMC (IC95%: 0.62–3.71), 3,73 cm na CC (IC95%: 0.24–7.23) e 0,03 na RCE (IC95%: 0.01–0.05) para ambos os índices. Nenhuma associação foi observada com a pressão arterial. Artigo 4, estudo longitudinal com 18 meses de seguimento que avaliou a influência da dieta inflamatória nos marcadores cardiometabólicos após 18 meses de seguimento. Identificou-se que adolescentes que consumiam dieta pró-inflamatória no baseline tiveram maior risco de excesso de peso (RR = 1,38; IC95%: 1,01–1,89). Entre meninas, o risco de excesso de peso aumentou em 66% e 70% nos modelos bruto (RR = 1,66; IC95%: 1,10–2,51) e ajustado (RR = 1,70; IC95%: 1,11–2,61). Esta tese contribui significativamente para o campo da epidemiologia nutricional ao demonstrar que o potencial inflamatório da dieta, medido por meio de escores específicos, está associado a marcadores precoces de risco cardiometabólico em crianças e adolescentes. Os resultados reforçam a aplicabilidade do índice DII como ferramenta útil na avaliação da qualidade nutricional da dieta e seu potencial impacto na saúde inflamatória e metabólica de adolescentes. Contudo, o C-DII apresentou desempenho limitado, possivelmente devido à sua construção baseada em parâmetros adultos e à ausência de validação robusta para populações pediátricas. Além disso, não foram encontradas associações consistentes entre o DII/C-DII e a pressão arterial, com resultados heterogêneos e estatisticamente não significativos. Diante disso, destaca-se a necessidade de futuros estudos longitudinais, com amostras maiores, medidas repetidas de dieta e biomarcadores inflamatórios, bem como validação do C-DII em diferentes contextos culturais e estágios de desenvolvimento puberal. Os achados reforçam a importância de padrões alimentares anti-inflamatórios na prevenção de doenças crônicas desde a infância e oferecem subsídios para intervenções em saúde pública.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2615563 - PRISCILA RIBAS DE FARIAS COSTA
Interna - 3112241 - MARIA ESTER PEREIRA DA CONCEICAO MACHADO
Externa à Instituição - BÁRBARA PELICIOLI RIBOLDI - UFRGS
Externo à Instituição - MAGNO CONCEIÇÃO DAS MERCES - UNEB
Externa à Instituição - RENATA DE OLIVEIRA CAMPOS - UFRB
Notícia cadastrada em: 11/11/2025 09:56
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