INSEGURANÇA ALIMENTAR E PADRÃO DE CONSUMO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
COVID-19; Segurança alimentar; Consumo alimentar.
A pandemia da COVID-19 resultou na interrupção das atividades presenciais e na institucionalização de aulas remotas, que exigiram organização e planejamento dos estudantes universitários, devido a nova modalidade de ensino. Ainda, o Brasil foi um dos países mais atingidos com desemprego, redução da renda e aumento da inflação sobre os alimentos e dificuldades na compra destes, ocasionando a entrada de famílias na Insegurança Alimentar (IA) e mudança no padrão alimentar, ampliando o desafio dos estudantes que precisaram lidar com a atividades acadêmicas e a escassez de alimentos nos domicílios. Objetivo: Avaliar associações entre IA e padrões de consumo alimentar de discentes de Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, no contexto da pandemia da COVID-19. Métodos: O estudo é um recorte transversal dos dados da linha de base da Coorte On-line do Comportamento Alimentar e Saúde (COCASa) que abrange discentes das instituições brasileiras, com a coleta realizada de 2020 a 2021. A amostra contemplou estudantes maiores de 18 anos, de ambos os sexos, em cursos de graduação presenciais e que seguiram as medidas de isolamento, com a suspensão das atividades presenciais. A coleta de dados aconteceu de forma on-line e a variável de exposição IA foi obtida utilizando-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e o desfecho, consumo alimentar, foi informado por meio do Questionário de Frequência Alimentar (QFA) on-line. A técnica da Análise Fatorial por Componentes Principais foi utilizada para redução dos dados e criação dos padrões alimentares. A mediana dos escores fatoriais de cada padrão integraram modelos de regressão logística para avaliar a associação com a presença de insegurança na amostra. O SPSS foi o software utilizado. O projeto foi aprovado pelo CEP da ENUFBA. Resultados: A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (75,4%), com menos 23 anos (51,5%), da região nordeste, com relevante percentual de estudantes em insegurança (25,3%) com maior percentual entre os autodeclarados pretos, pardos e indígenas e das regiões Norte e Nordeste. A partir da análise do consumo, foram obtidos três padrões alimentares: “Não saudável”, “Saudável” e “Proteico”. Na análise de associação, no modelo bruto a presença de IA associou-se negativamente com o consumo acima da mediana em todos os padrões alimentares e reduziu significativamente a prevalência do consumo do padrão saudável (RP: 0,782, IC95%: 0,697; 0,878) e padrão proteico (RP: 0,881, IC95%: 0,777; 0,998). Após ajustes por potenciais confundidores, observou-se que as associações negativas e significativas permaneceram para o padrão saudável (RP: 0,791, IC95%: 0,708; 0,883) e proteico (RP: 0,881, IC95%: 0,777; 0,998). Conclusão: Durante a pandemia, a IA experienciada por universitários se associou negativamente ao consumo de padrões alimentares, saudável e proteico. Essa situação, pode ter repercussões na saúde desta população, destacando a vulnerabilidade social deste grupo. Portanto, é essencial que o governo amplie as políticas estudantis direcionadas aos universitários, implementando maior suporte e medidas assistenciais que garantam o bem-estar desses estudantes.