Tecnopolíticas da cidade: urbanidade contemporânea em distopias e outras narrativas
Tecnopolítica. Cidade. Contemporaneidade. Tecnologia. Distopia.
Escrever uma tese sobre as cidades contemporâneas e suas relações com transformações tecnológicas, é como tentar fotografar uma paisagem estando dentro de um automóvel em movimento. Em razão das aceleradas mudanças que atravessam as sociedades, muitas delas associadas a tecnologias da informação e comunicação (TIC) e ao neoliberalismo como fenômeno socioeconômico e cognitivo, as miradas para a atualidade tornam-se obsoletas muito rapidamente. Neste contexto, a presente pesquisa explora as relações tecnopolíticas entre alguns aspectos das cidades brasileiras – como a desigualdade socioespacial, a privatização da gestão e de espaços públicos, assim como a diminuição do direito à cidade –, e a disseminação de tecnologias, sobretudo as baseadas em dados, algoritmos e inteligências artificiais (IA). O trabalho se afasta, tanto de posturas nostálgicas de um mundo sem TIC, quanto de posições eufóricas em relação às mesmas, apoiando-se em referências acadêmicas e ficcionais para construir um conjunto de textos que aborda temas atuais, filosóficos, sociológicos, arquitetônicos, urbanísticos e urbanos. Experiências práticas, como visitas técnicas, entrevistas, palestras, oficinas e outras atividades que envolveram variados agentes sociais, também compõem as reflexões do trabalho. Por fim, a pesquisa reflete sobre uma noção ampliada de urbanidade, que compreende a ideia de espaço para além de suas proporções físicas-materiais,e contempla a dimensão digital da cidade como um dos princípios estruturantes da vida urbana contemporânea. O trabalho, por miradas distintas, discute as tecnopolíticas, problematizando implicações éticas, morfológicas e socioespaciais das novas tecnologias.