A importância dos territórios afro-brasileiros para a saída da crise ambiental contemporânea
Territórios afro-brasileiros; Crise Ambiental; Conservação ambiental
A crise ambiental experimentada por nossa geração tem raízes fincadas no colonialismo e no racismo, os quais a partir da imposição da cultura Ocidental, separou radicalmente a sociedade da natureza. A cosmovisão que guiou as práticas de extrativismo destrutivo com a natureza é a mesma que subjugou diversos povos ao redor do planeta Terra. Assentada sobre a ganância capitalista, o lucro virou o horizonte máximo a ser perseguido pelos humanos Ocidentais, no entanto, os afro-brasileiros produzem territórios que questionam a cosmovisão e a prática destrutiva, mantendo relações ecológicas nestes territórios, baseadas em cosmopercepções próprias. A presente tese de doutorado visa elucidar as cosmopercepções afro-brasileiras a partir da ancestralidade bantu e de práticas territoriais diaspóricas no Brasil que promovem a convivência com a natureza garantindo a conservação ambiental. A partir da utilização do paradigma da afrocentricidade, as experiências bantu-africanas e afro-brasileiras na Bahia são postas no centro da discussão, proporcionando análises sobre as práticas territoriais e dados sobre a conservação ambiental existentes nestes territórios. A tese demonstra também que os conflitos e a falta de proteção destes territórios contribuem para o avanço da destruição da natureza, tornando os mecanismos de regularização desses territórios urgentes. A saída da crise ambiental perpassa, portanto, pela valorização das cosmopercepções ambientais existentes nos territórios afro-brasileiros.