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Face à irracionalidade e à violência do período entreguerras na Europa, que veio a desembocar no maior conflito armado que a humanidade já vivenciou, os autores ligados à teoria crítica da Escola de Frankfurt se dedicaram a analisar os conteúdos e as formas da racionalidade ocidental. Tal racionalidade foi por eles encarada como potencialmente (auto)destrutiva na medida em que se forjou historicamente a partir dos determinantes da dominação, do cálculo e da autopreservação. O preço a ser pago pelo capitalismo triunfante seria a regressão que acompanharia o progresso irrefreável. Para teóricos críticos alemães como Theodor Adorno e Max Horkheimer, o nazifascismo que irrompe no coração da civilização ocidental aparece não como desvio dos rumos dessa civilização, mas como realização de suas tendências mais sombrias. Poucos anos após a Segunda Guerra Mundial, tanto a filósofa alemã Hannah Arendt quanto o escritor martinicano Aimé Césaire chamaram a atenção para o fato de que o holocausto na Europa tinha raízes no colonialismo europeu: nas atrocidades cometidas nas colônias pelas potências europeias. Na virada do século 20 para o século 21, a crítica da colonialidade latino-americana se dedicará a investigar aquilo que autores a ela ligados chamarão de racionalidade colonial-moderna. Com mais de um ponto de contato com a crítica da racionalidade levada a cabo pela teoria crítica do início do século 20, a abordagem da colonialidade assinala que não se pode compreender o que aquela tradição alemã havia chamado de razão instrumental sem ter em conta a experiência colonial enquanto um processo que forja o mundo capitalista, a autoimagem da Europa, bem como a classificação e a hierarquização raciais. Autores como o sociólogo peruano Aníbal Quijano e o filósofo argentino Enrique Dussel buscarão refletir sobre as bases coloniais da racionalidade capitalista moderna que logrou integrar a humanidade em um sistema-mundo fundado na dominação e exploração da natureza e de outros ser |