Ementa/Descrição: |
Curso avançado de Epistemologia destinado a estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) em filosofia e áreas afins (filosofia, história e ensino das ciências, ciências sociais, psicologia).
A epistemologia tradicionalmente se ocupa da definição e possibilidade do conhecimento. Porém, primeiro com a emergência do interesse pelos processos epistêmicos e, depois, pelas virtudes e performances intelectuais na segunda metade do século XX, o debate em epistemologia passou a investigar e discutir os traços, características e qualidades requeridas ao agente epistêmico. Grosso modo, podemos afirmar que a análise clássica do conhecimento esteve centrada na natureza da crença, enquanto, para essa nova tendência, a epistemologia deveria estar centrada no caráter do agente: na epistemologia baseada-em-crença, as crenças são o objeto primário da avaliação epistêmica e, como consequência, os conceitos e propriedades fundamentais são conhecimento, justificação e crença justificada; agora são os agentes o objeto primário da avaliação epistêmica e os conceitos centrais são virtudes e vícios do agente.
A partir de Ernest Sosa, Linda Zagzebski e Jonathan Kvanvig, retomando uma tradição que remonta a Aristóteles, passou-se a considerar seriamente duas coisas: a) que adquirir conhecimento tem alguma relação com o fato do agente ter uma habilidade para alcançar a verdade e b) que o interesse crescente pelo valor epistêmico causou aquilo que podemos chamar de value turn na epistemologia contemporânea.
Os filósofos que defendem a relevância das virtudes concordam que virtudes intelectuais expressam um tipo de excelência cognitiva. Seu ponto de partida está no fato de que se prestarmos a devida atenção à própria noção de conhecimento veremos que ela envolve necessariamente um acontecimento cognitivo que deve ser creditado ao agente, uma vez que, de fato, não podemos atribuir conhecimento a uma pessoa se ela se encontra no estado de ter uma crença verdadeira simples |
Referências: |
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