Universidade Federal da Bahia Salvador, 19 de Maio de 2024

Resumo do Componente Curricular

Dados Gerais do Componente Curricular
Tipo do Componente Curricular: DISCIPLINA
Unidade Responsável: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS (PPGCS) (12.01.56.23)
Código: PPGCS000000014
Nome: TES - TEORIA CRÍTICA E CRÍTICA DA COLONIALIDADE.
Carga Horária Teórica: 60 h.
Carga Horária Prática: 0 h.
Carga Horária Total: 60 h.
Pré-Requisitos:
Co-Requisitos:
Equivalências:
Excluir da Avaliação Institucional: Não
Matriculável On-Line: Sim
Horário Flexível da Turma: Não
Horário Flexível do Docente: Sim
Obrigatoriedade de Nota Final: Sim
Pode Criar Turma Sem Solicitação: Não
Necessita de Orientador: Não
Exige Horário: Sim
Permite CH Compartilhada: Não
Permite Múltiplas Aprovações: Não
Quantidade de Avaliações: 1
Módulo: 0
Ementa/Descrição: Face à irracionalidade e à violência do período entre guerras na Europa, que veio a desembocar no maior conflito armado que a humanidade já vivenciou, os autores ligados à teoria crítica da Escola de Frankfurt se dedicaram a analisar os conteúdos e as formas da racionalidade ocidental. Tal racionalidade foi por eles encarada como potencialmente (auto)destrutiva na medida em que se forjou historicamente a partir dos determinantes da dominação, do cálculo e da autopreservação. O preço a ser pago pelo capitalismo triunfante seria a regressão que acompanharia o progresso irrefreável. Para teóricos críticos alemães como Theodor Adorno e Max Horkheimer, o nazifascismo que irrompe no coração da civilização ocidental aparece não como desvio dos rumos dessa civilização, mas como realização de suas tendências mais sombrias. Poucos anos após a Segunda Guerra Mundial, tanto a filósofa alemã Hannah Arendt quanto o escritor martinicano Aimé Césaire chamaram a atenção para o fato de que o holocausto na Europa tinha raízes no colonialismo europeu: nas atrocidades cometidas nas colônias pelas potências europeias. Na virada do século 20 para o século 21, a crítica da colonialidade latino-americana se dedicará a investigar aquilo que autores a ela ligados chamarão de racionalidade colonial-moderna. Com mais de um ponto de contato com a crítica da racionalidade levada a cabo pela teoria crítica do início do século 20, a abordagem da colonialidade assinala que não se pode compreender o que aquela tradição alemã havia chamado de razão instrumental sem ter em conta a experiência colonial enquanto um processo que forja o mundo capitalista, a autoimagem da Europa, bem como a classificação e a hierarquização raciais. Autores como o sociólogo peruano Aníbal Quijano e o filósofo argentino Enrique Dussel buscarão refletir sobre as bases coloniais da racionalidade capitalista moderna que logrou integrar a humanidade em um sistema fundado na dominação e exploração da natureza e de outros.
Referências: ALLEN, Amy. The End of Progress: Decolonizing the Normative Foundations of Critical Theory. New York: Columbia University Press, 2016. ALLEN, Amy. “O fim do progresso”. Dissonância: Revista de Teoria Crítica, v. 2, n. especial, p. 14-42, 2018. BALTAR, Paula. “A teoria crítica sob o olhar da decolonialidade”. Tensões Mundiais, v. 16, n. 31, p. 21-47, 2020. BENHABIB, Seyla. “A crítica da razão instrumental”. In: ZIZEK, Slavoj. Um mapa da ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. BHAMBRA, Gurminder K.. “Decolonizing Critical Theory? Epistemological Justice, Progress, Reparations”. Critical Times, v. 4, n. 1, p. 73-89, 2021. BUENO, Enrico. “A crítica do mito da modernidade: da Escola de Frankfurt ao giro decolonial”. Civitas, v. 22, n. 1, p. 1-11, e-41429, 2022. CASTRO-GÓMEZ, Santiago. “Teoría tradicional y teoría crítica”. Universitas Humanística, n. 49, p. 29- 41, 2000. DUSSEL, Enrique. “Eurocentrismo y modernidad (Introducción a las lecturas de Frankfurt)”. In: Mignolo, Walter (Org.). Capitalismo y geopolítica del conocimiento. Buenos Aires: Ediciones del Signo, 2001. DUSSEL, Enrique. “Europa, modernidade e eurocentrismo”. QUIJANO, Aníbal. “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. GAGNEBIN, Jeanne Marie. “Homero e a Dialética do esclarecimento”. In: GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006. HORKHEIMER, Max. “Teoria tradicional e teoria crítica”. In: BENJAMIN, Walter; HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor e HABERMAS, Jürgen. Textos Escolhidos (Coleção Os Pensadores, vol. XLVIII), São Paulo: Abril Cultural, 1983. HORKHEIMER, Max. “The End of Reason”. Studies in Philosophy and Social Science, v. 9, p. 366-388, 1941. HORKHEIMER, Max. “Vernunft und Selbsterhaltung”. In: HORKHEIMER, Max. Gesammelte Schriften, Band 5: “Dialektik der Aufklärung“ und Schriften 1940-1950. Frankfurt am Main: Fischer, 1987. Tradução para o português por Ricardo Pagliuso Regatieri no prelo pela Editora da Unesp. HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. São Paulo: Editora da Unesp, 2015. HORKHEIMER, Max e ADORNO, Theodor W.. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. HORKHEIMER, Max e ADORNO, Theodor W.. Le laboratoire de la Dialectique de la raison: discussions, notes et fragments inédits. Paris : Éditions de la Maison de Sciences de l’Homme, 2013. Organização e tradução de Julia Christ e Katia Genel. INGRAM, James. “Teoria crítica e pós-colonialismo”. Dissonância: Revista de Teoria Crítica, v. 4, Dossiê Teoria Decolonial e Teoria Crítica, 2020, p. 399–435. KERNER, Ina. “Condições pós-coloniais abusivas e as tarefas da Teoria Crítica”. Civitas, v. 22, n. 1, p. 1-11, e-41728, 2022. NOBRE, Marcos e MARIN, Inara Luisa. “Uma nova antropologia: unidade crítica e arranjo interdisciplinar na Dialética do esclarecimento”. Cadernos de Filosofia Alemã, n. 20, p. 101-122, 2012. QUIJANO, Aníbal. “La modernidad, el capital y América Latina nacen el mismo día”. ILLA - Revista del Centro de Educación y Cultura, n. 10, p. 42-57, 1991. Entrevista a Nora Velarde. QUIJANO, Aníbal. “Colonialidad y modernidad/racionalidad”. Perú Indígena, vol. 13, n. 29, p. 11-20, 1992. QUIJANO, Aníbal. “Colonialidad del poder y clasificación social”. Journal of World-Systems Research, v. I, 2, 2000, pp. 342-386. QUIJANO, Aníbal. “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. QUIJANO, Aníbal. “Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina”. Estudos Avançados, v. 19, n. 55, p. 9-31, 2005. REGATIERI, Ricardo Pagliuso. Capitalismo sem peias: a crítica da dominação nos debates no Instituto de Pesquisa Social no início da década de 1940 e na elaboração da Dialética do esclarecimento. São Paulo: Humanitas/FAPESP, 2019. REGATIERI, Ricardo Pagliuso e OLIVEIRA, Lucas Amaral de (orgs.). Teoria Social e Desafios PósColoniais. Salvador: EDUFBA, no prelo. SILVA, Lucas Trindade da. “Colonialidade do poder como meio de conhecimento: em torno de seus limites e potencialidades explicativas”. Plural, v. 22, n. 2, p. 204-221, 2015. WIGGERSHAUS, Rolf. A Escola de Frankfurt: história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002. ZAMBRANA, Rocío. “Ambivalência normativa e o futuro da teoria crítica: Adorno e Horkheimer, Castro-Gómez e Quijano sobre racionalidade, modernidade e totalidade”. Dissonância: Revista de Teoria Crítica, v. 4, Dossiê Teoria Decolonial e Teoria Crítica, 2020, p. 448–477.

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